Vivemos num país onde, se um político tem uma boa casa, um bom carro ou sinais visíveis de sucesso financeiro, isso levanta automaticamente suspeitas. É acusado de corrupção, investigado, comentado, exposto. Tem de se justificar. Tem de explicar como comprou a casa. Tem de dizer se é da mulher, do filho, do sogro.
Em Portugal, ser político e ser bem-sucedido financeiramente é incompatível aos olhos de muitos.
Mas porquê?
Porque a inveja continua a ser um desporto nacional. E o sucesso continua a ser visto como um pecado capital.
O discurso é mais ou menos este: se alguém ganha mais de mil euros, só pode ser porque enganou alguém. Se tem património, é corrupto. Se tem sucesso, é suspeito.
O problema é que esta mentalidade cria um ciclo perverso.
Se só aceitamos políticos “pobres”, com carreiras irrelevantes, sem provas dadas de liderança, de gestão ou de criação de valor… então vamos continuar a ter líderes sem visão, sem estratégia, sem resultados.
Pensem comigo:
queremos realmente que quem governa o país seja alguém que nunca conseguiu governar a própria vida com sucesso?
Eu, como cidadão, preferia mil vezes ver à frente do país alguém que criou riqueza, que construiu algo de relevante, que sabe liderar equipas e gerir orçamentos. Alguém que, com dignidade e ética, fez um percurso de mérito e que agora quer pôr esse talento ao serviço de Portugal.
Mas não. Em vez disso, aplaudimos mediocridade e penalizamos o mérito. E a comunicação social, maioritariamente alinhada à esquerda, contribui e alimenta ativamente para esta cultura.
Insiste-se em que um político não pode ganhar bem. Que não pode viver bem. Que tem de viver com um salário modesto. Porque, dizem, “é dinheiro público”. Mas esquecem-se de que uma má decisão política pode custar centenas de milhões aos cofres do Estado. E que pagar bem a quem sabe fazer bem não é despesa — é investimento.
Se queremos gestores de topo nas empresas, porque aceitamos tão pouco para gerir o país?
De referir que não há nenhuma empresa na Europa que seja tão grande quanto o nosso estado, então porque se paga o equivalente a um diretor de uma pequena/média empresa?
É tempo de revermos o que valorizamos. É tempo de deixarmos de desconfiar do sucesso. E é tempo de percebermos que um país com medo de políticos competentes está condenado a ser governado por incompetentes.
Nota 1: transparência sim, como forma de garantir legalidade, mas não é isso que está a acontecer.
Nota 2: não tenho nem nunca tive qualquer motivação política, nem partidária.
