Todos nós estamos a assistir a uma degradação geral da sociedade. Oiço frequentemente que vivemos tempos loucos. Aliás, é comum ouvir-se dizer: “Anda tudo maluco!” E, sinceramente, também o sinto.
As pessoas andam à deriva, sem rumo. Não sei exatamente a causa, será que ainda sejam ecos da pandemia? Do isolamento forçado, das rotinas quebradas, das vidas profissionais e pessoais que nunca voltaram ao seu equilíbrio?
Não sei o que é, mas que sinto que “anda tudo louco”, sinto!
Mas eu recuso-me.
Recuso-me a aceitar este caos como a nova normalidade.
Recuso-me a ser arrastado por esta corrente de apatia, de falta de compromisso, de valores que se esvaem sem que ninguém pare para questionar se está certo ou errado.
Recuso-me a deixar de ter compromisso. Sim, porque hoje em dia parece que o compromisso perdeu valor – com o trabalho, com as pessoas, com a palavra dada. Mas eu não aceito viver num mundo onde a responsabilidade se dissolve na facilidade da desculpa e que muitos nem desculpa dão, apenas desaparecem ou faltam aos compromissos sem qualquer justificação. O compromisso faz parte de quem eu sou, e não estou disposto a abandoná-lo. Recuso-me!
Recuso-me a abdicar dos meus valores. Aquilo que me estrutura, que me guia, que me define. Não quero viver num tempo em que tudo é passageiro, em que tudo se consome rapidamente e se descarta sem peso na consciência. Não quero ser parte dessa superficialidade.
Recuso-me a acreditar que o sucesso pode ser alcançado sem esforço, sem trabalho, sem estratégia. Há uma ilusão generalizada de que temos direito a tudo, mas esquecemo-nos dos deveres. O desejo por uma vida perfeita, espelhada no que se vê no Instagram, tornou-se um objetivo, mas sem a disposição para o trabalho árduo que o sustenta.
Recuso-me a ser mais um que se queixa do mundo, mas que não se questiona a si próprio. Porque é fácil apontar o dedo, dizer que tudo está errado, que os outros não prestam, que nada faz sentido.
Mas e nós? Que papel temos nisto? O que estamos a fazer para mudar?
No mundo dos negócios, esta falta de compromisso já está a ter consequências reais.
Vemos equipas cada vez menos envolvidas, profissionais que desistem ao primeiro obstáculo e uma cultura de ‘ghosting’ onde candidatos nem aparecem para entrevistas ou abandonam projetos sem aviso. A liderança tornou-se um desafio constante porque muitos não querem ser liderados – querem resultados sem processo, reconhecimento sem esforço, sucesso sem dedicação.
O que estamos a fazer para reverter esta tendência? Como líderes, empresários e gestores, estamos a reforçar a cultura do compromisso ou a ceder ao imediatismo e à superficialidade?
Recuso-me a ser levado por esta loucura coletiva.
E tu? Vais continuar a assistir a esta degradação ou vais fazer parte da mudança?