Sou muitas vezes rotulado como uma pessoa de “sucesso”.
Mas o sucesso é uma miragem relativa. Aquilo que para muitos é considerado sucesso, para outros é ficar aquém do potencial.
Sabes aquele “sucesso” que parece fácil quando se olha de fora? Aquilo que se vê – os resultados, os prémios, os números – é apenas a ponta do iceberg.
Então e que não se vê? As dores. As derrotas. As noites mal dormidas. As más decisões. Os erros de casting. As horas e horas a tentar meter a crescer …
Em Portugal o sucesso ainda incomoda. Confunde-se admiração com inveja.
Agora, imagina o que é, na minha condição física, ouvir que tenho “mais sucesso que outros”. Uns sentem-se inspirados. Outros preferem envenenar a admiração com ressentimento. Justificam o que não conquistaram projetando nas minhas conquistas as suas frustrações. “Este tipo, numa cadeira, conseguiu chegar onde eu jamais conseguirei.”
Mas a verdade é esta: sucesso não é ausência de falhas, é a coragem de continuar apesar delas.
Um exemplo real? Nos últimos 2 anos, errámos duas vezes em contratações-chave para um diretor comercial. Falhámos porque não percebemos sinais de saúde. Falhámos porque não conseguimos ler bem o ADN e valores da pessoa. O resultado? Um atraso de quase dois anos na nossa estratégia. E mesmo assim, crescemos 20% ao ano. À custa de quê? De muito desgaste. De horas a correr atrás do prejuízo que outras decisões criaram.
À terceira foi de vez. Contratámos um diretor comercial com quem partilhamos um ADN. Resultado? Alinhamento, motivação e bons resultados. Porque quando encontramos as pessoas certas, não sentimos apenas um descanso, ganhamos também uma energia brutal para continuar.
Errar nas contratações é normal, vamos sempre errar e, está tudo certo. Ainda hoje, com 28 anos de experiência e depois de já ter contratado centenas ou milhares de pessoas, eu continuo a errar e a enganar-me com as contratações, porque são pessoas. E pessoas, por vezes parecem ser uma coisa, e na verdade são outra.
E quando isso acontece, o mais importante é agir e rápido. Porque o custo de manter alguém errado numa equipa é brutal. Mesmo que a burocracia e a legislação dificultem, não agir custa muito mais.
É por isso que eu digo que ser empreendedor em Portugal exige mais do que visão ou talento. Exige energia. Exige resiliência. Exige a capacidade de renascer todos os dias.
O sucesso, para mim, é isso: continuar de “pé” quando tudo nos empurra para baixo. Continuar a acreditar quando tudo falha. Rodear-me de quem soma. E limpar o que contamina.
Mas, acima de tudo, nunca esquecer que o sucesso dos outros não me tira nada. Pelo contrário, se me inspira, já me acrescentou algo.