Se escolhemos alguém para a nossa equipa, é porque nos transmitiu o necessário para a contratar. A meu ver, não deve haver testes escondidos, não deve haver períodos de “análise”. A relação deve começar com uma página em branco e com base num princípio simples: confiança total desde o primeiro dia.
Na Compuworks a primeira coisa que fazemos é confiar, ao darmos um carro, o telemóvel, o computador e, mais importante, uma carteira de clientes para gerir. Não há tracking, não há controlo apertado, não há microgestão. Porque acreditamos que a maturidade, a experiência e o bom senso devem ser respeitados e valorizados.
Já no desiludimos? Claro que sim. Já houve quem trocasse a autonomia por descanso indevido, claro que sim. Mas também é verdade que a grande maioria responde com responsabilidade, compromisso e resultados. E é com essas pessoas que construímos o ADN da nossa empresa: autonomia, confiança e performance. Quem entrega, é reconhecido. Quem não entrega, simplesmente não se encaixa e é a própria equipa que identifica. E claro, tem de se resolver rápido e de forma eficaz.
Este modelo de liderança não funciona em todas as áreas. Eu já tive negócios de restauração e construção civil, percebi (à minha custa) que o meu estilo de liderança, baseado na confiança e não no controlo, não era compatível com o perfil das equipas nestas áreas. E por isso, decidir sair da área da restauração e na construção civil subcontrato.
Liderar não é só gerir. Para liderar é preciso entender o perfil de pessoas que lideramos, é preciso conhecer e mais importante, gostar de liderar aquele perfil. Eu gosto de liderar pessoas que valorizem a autonomia, que tenham bom senso, com noção do impacto das suas ações. Pessoas que compreendem que a confiança é um privilégio, não um direito. Que acrescentem valor, que compreendam a visão e a sua missão, e a executem o melhor possível, sem que eu tenha de controlar ou fazer microgestão. É o meu perfil.
Liderar é, também, assumir os riscos da confiança. É aceitar que nem todos estão à altura, mas acreditar que aqueles que estão, fazem-nos acreditar que os nossos valores e a nossa forma de agir, é o nosso caminho e dele não devemos sair.