Parece que, cada vez mais, criticar líderes virou desporto popular aqui no LinkedIn. Há sempre um post viral a circular, pronto a arrancar likes fáceis, onde o chefe é o vilão, o culpado de tudo. Mas poucas vezes se fala do outro lado. Daquilo que muitos líderes vivem em silêncio.
Falo com conhecimento de causa. Houve uma fase da minha vida, em que, com menos maturidade e depois de ter sido traído por pessoas em quem confiava, deixei que isso me transformasse.
Tornei-me frio. Tornei-me o típico “chefe”: “É assim que eu quero, é assim que fazes. Ponto!”
Mas não era eu.
Era uma armadura. Uma forma de defesa.
Até perceber que, ao proteger-me, estava a ser injusto com quem nada tinha a ver com isso. Com quem estava ali, diariamente, a dar o seu melhor. Foi nessa altura que decidi voltar a ser quem realmente sou. A liderar com empatia, exigência sim, mas com humanidade. Porque um líder não pode ser refém das suas mágoas.
E onde é que começa o mau líder? E o mau colaborador?
É fácil apontar o dedo a quem está na liderança e a quem toma decisões, até porque é fácil encontrar pessoas que tenham tido más experiências em algum momento da vida. Mas, muitas vezes, também porque é mais fácil apontar a culpa ao líder/patrão/empresa do que a si mesmo.
E o profissionalismo, o compromisso, o bom senso e a dedicação de quem faz parte da equipa? Tal como se exige dos líderes, também é importante refletir sobre o nível de envolvimento e responsabilidade de todos os elementos da equipa. Não será justo reconhecer que o sucesso de uma cultura organizacional depende do contributo de todos?
Há uma cultura que cresce perigosamente: a de que as empresas têm a obrigação de proporcionar tudo, enquanto alguns colaboradores acham que apenas têm direitos, e poucos deveres. Esta mentalidade pode ser tão tóxica quanto a de um mau líder.
Liderar não é fácil. Ser liderado também não. Mas acredito que equipas fortes se constroem com clareza, confiança e verdade, mas nada se faz sem haver bom senso de ambas as partes.
É por isso que digo sempre às minhas equipas diretas: sê fiel ao teu ADN. Lidera com aquilo em que acreditas. Não deixes que as desilusões te transformem no que não queres ser. Mantém a tua visão clara. Define que tipo de pessoas queres ao teu lado. E afasta, depois de teres conclusões claras, e sem culpa, quem não partilha esse caminho.